Busca no Site

Mosquitos contra a dengue
Images: 

 A Fiocruz deu início a uma importante etapa do projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. Já realizada com sucesso na Austrália, Vietnã e Indonésia, a fase de estudos de campo conta com a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. O projeto conta com o apoio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas) e do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz). O primeiro local a participar é o bairro de Tubiacanga, localizado na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro, e estudado pela equipe do projeto desde 2012. Esta é a primeira vez em que um país nas Américas recebe o estudo.

A iniciativa sem fins lucrativos integra o esforço internacional do ProgramaEliminate Dengue: Our Challenge (Eliminar a Dengue: Nosso Desafio), que estuda uma abordagem inovadora para reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito Aedes aegypti de forma natural e autossustentável. O projeto propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, chamada Wolbachia. Quando presente no Aedes, ela é capaz de impedir a transmissão da dengue pelo mosquito.

Pesquisador da Fiocruz e líder do projeto no Brasil, Luciano Moreira está otimista com os próximos passos do projeto. “Estamos diante de uma estratégia científica inovadora e segura, que poderá contribuir para o controle da dengue e para a melhoria da saúde da população”, avalia. Ele foi responsável, com pesquisadores da Universidade de Monash, na Austrália, pela descoberta científica da capacidade da Wolbachia de reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito.

“Após dois anos de estudos preparatórios, é empolgante ver o projeto avançando para esta fase no Brasil, onde contamos com a liderança científica da Fiocruz”, completou Scott O’Neill, coordenador internacional do Programa.

Liberação dos mosquitos

Em Tubiacanga, cerca de dez mil mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia serão liberados semanalmente pelos pesquisadores. O número de mosquitos é similar aos protocolos adotados com sucesso na Austrália, onde este tipo de estudo já foi concluído em mais de quatro localidades. As liberações acontecerão por aproximadamente três ou quatro meses, de acordo com a avaliação dos cientistas sobre a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se instalarem no local. Para reduzir o incômodo da população, antes do início da liberação dos mosquitos com Wolbachia, os pesquisadores, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, realizaram uma etapa chamada de supressão dos criadouros. O objetivo foi reduzir a quantidade de Aedes aegypti por meio da eliminação de criadouros confirmados do vetor – assim, ao liberar no bairro os Aedes com Wolbachia, o número total de mosquitos não sofrerá alteração. “Buscamos com esta medida diminuir o desconforto para os moradores de Tubiacanga, que sempre apoiaram esta iniciativa científica”, Luciano reforça.reprodução_mosquito

(Arte: Ascom Fiocruz)

Inicialmente, os pesquisadores vão avaliar a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se estabelecerem no meio ambiente e se reproduzirem com os mosquitos que já existem no local. O projeto propõe uma abordagem sustentável e de longo prazo, pois, após o estabelecimento de Aedes aegypticom Wolbachia no ambiente, a bactéria é transmitida naturalmente para as gerações seguintes de mosquitos. “Assim, o método se torna autossustentável: os mosquitos com Wolbachia predominam sem que precisemos soltar constantemente mais mosquitos com a bactéria”, explica Luciano. Estudos de larga escala previstos para 2016 em outras localidades do Rio de Janeiro poderão avaliar o efeito desta estratégia em reduzir a incidência de dengue.

Apoio da população

Como parte do projeto, desde 2012 a Fiocruz trabalha nos bairros selecionados para o estudo, realizando um intenso trabalho científico para mapear os mosquitos dos bairros estudados: em Tubiacanga, Urca e Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, e Jurujuba, em Niterói. Neste processo, são realizados contatos regulares com moradores, lideranças e associações. “Os dados coletados foram fundamentais para planejar os estudos de campo”, explica Luciano. Durante o mapeamento, armadilhas para capturar e estudar os mosquitos da região foram instaladas na casa de dezenas de moradores – são os chamados ‘anfitriões’ do projeto. “Somos extremamente gratos a essas pessoas que recebem toda semana nossas equipes em suas casas, contribuindo para um projeto que busca o benefício coletivo”, afirma Luciano.

“Ao nos aproximarmos do início dos estudos em campo, as ações de relacionamento com os moradores de Tubiacanga foram intensificadas para que fossem devidamente informados de todas as atividades”, completa. As associações de moradores, além de outras instituições locais, apoiam o projeto, que realiza visitas domiciliares regulares para apresentar a iniciativa e dirimir dúvidas. Encontros e palestras entre moradores e pesquisadores também são promovidos. O atendimento à população é realizado por telefone e email.

Para ler a notícia completa e ter mais informações sobre o projeto, clique aqui.

Acesse também o site oficial do projeto. 

Fonte: Portal Fiocruz