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Câmera brasileira para observação astronômica
Observatório Astronômico de Javalambre, na Espanha (foto: Centro de Estudios de Física del Cosmos de Aragón)

 

Nos próximos meses, o Observatório Astronômico de Javalambre (OAJ), na região de Aragão, na Espanha, iniciará um mapeamento do Universo observável a partir do hemisfério Norte durante quatro anos, com o objetivo de produzir um mapa tridimensional com centenas de milhões de galáxias, compreendendo um quinto de todo o céu do planeta.

Para isso, serão utilizados dois telescópios com grande campo de visão, sendo um menor – com espelho de 80 centímetros de diâmetro e uma câmera de 85 megapixels (milhões de pixels) acoplada – e um telescópio principal, com espelho de 2,5 metros de diâmetro, equipado com uma câmera de 1,2 gigapixel (bilhão de pixels), com capacidade de produzir imagens em 59 cores de cada estrela, galáxia, quasar, supernova e objeto do sistema solar observado.

Batizada de JPCam, a câmera óptica de 1,2 gigapixel será a segunda maior no mundo para uso em astronomia – a maior em operação tem 1,4 gigapixel e está instalada no telescópio Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System (Pan-STARRS), da University of Hawaii. Há uma câmera ainda maior em construção, com capacidade de 3,2 gigapixels, que será utilizada no Large Synoptic Survey Telescope (LSST), mas com previsão para entrar em operação em 2022, no Chile.

Tanto a JPCam como a câmera de 85 megapixels estão sendo construídas com a participação de pesquisadores brasileiros no âmbito do Projeto Temático “O Universo em 3D: astrofísica com grandes levantamentos de galáxias”, apoiado pela FAPESP.

“A JPCam possibilitará produzir imagens em 59 cores de quase cada pixel do céu observado, o que é algo absolutamente novo”, avaliou Laerte Sodré Junior, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e coordenador do Projeto Temático.

“Existem instrumentos astronômicos que fazem isso, mas em uma região minúscula do céu e não com a quantidade de filtros de imagem que a JPCam terá. Com isso, será possível abrir uma nova janela na Astronomia”, disse Sodré à Agência FAPESP.

Os pesquisadores brasileiros são responsáveis pela parte mecânica da câmera, incluindo um dispositivo que controlará a entrada de luz e as bandejas de filtros de imagem de 14 detectores. O subsistema óptico do instrumento será construído por uma empresa inglesa contratada pela colaboração astronômica, que tem a participação de universidades e instituições de pesquisa do Brasil e da Espanha. 

A participação brasileira no projeto é financiada pela FAPESP e por outras instituições de fomento à pesquisa no país. "O governo da Espanha financiou a construção do observatório e dos telescópios e o Brasil se responsabilizou pela construção das câmeras", disse Sodré.

A câmera JPCam é um dos instrumentos que pesquisadores brasileiros trabalham para desenvolver em grandes projetos de observação astronômica que entrarão em operação nos próximos anos.

Outro grupo de pesquisadores do IAG-USP, em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Observatório Nacional (ON) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), também está desenvolvendo uma câmera de 85 megapixels que será acoplada a um novo telescópio, com espelho de 87 centímetros de diâmetro, que está sendo instalado no Observatório Internacional de Cerro Tololo, no Chile, com apoio da FAPESP.

 

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Fonte: Agência Fapesp